Baile no sábado coroa as vencedoras do 3º Concurso da Rainha Pérola Negra

Evento cultural com entrada gratuita acontece no dia 5 de julho no Clube do Bonfim. Festa revive os grandes bailes e será animada por Big Chico, Banda Show e o DJ Luciano Rocha, da Chic Show.

No próximo dia 5 de julho, sábado, será realizado o baile que irá coroar as vencedoras da 3ª edição do Concurso Rainha Pérola Negra. Sete rainhas serão homenageadas nas categorias: Educação pela Promoção da Igualdade Racial; Profissional destaque; Trajetória de luta e garantia de direitos; Desenvolvimento comunitário; Cultura; Revelação; e Afirmação de Identidade.

Instituído pela Lei nº 8.175/1994, o concurso foi regulamentado pelo Decreto nº 20.268/2019, com o objetivo de valorizar e reconhecer mulheres negras com atividades intensas e relevantes na cidade. As inscrições foram realizadas na Coordenadoria Setorial de Promoção da Igualdade Racial (Cepir), órgão da Secretaria de Desenvolvimento e Assistência Social da Prefeitura de Campinas. A seleção das indicadas foi feita pelo Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de Campinas (CDPCN). O coordenador departamental de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Marcelo Rezende, destaca que a iniciativa fortalece a memória e a visibilidade da mulher negra. “É uma celebração da resistência, da contribuição e da potência das mulheres negras campineiras em nossa sociedade”, enfatiza.

O evento cultural, com entrada gratuita, rememora os tradicionais bailes organizados por Laudelina de Campos Melo (figura histórica da luta negra na cidade e idealizadora do primeiro concurso, em 1957). A presidente do Conselho, Marcela Reis, ressalta a representatividade do baile: “O Baile Pérola Negra é um ato político que eleva a mulher negra ao lugar de protagonismo que lhe é de direito, e coroar as sete rainhas é reconhecer lideranças que transformam a cidade todos os dias”, afirma.

Para reviver os grandes bailes, Big Chico e a Banda Show animarão a noite, que contará também com o DJ Luciano Rocha, da Chic Show, equipe que agitou os grandes bailes de black music dos anos 1990.

Homenagem e exposição

Também no sábado, será feita uma homenagem à Marqueza dos Santos Almeida, falecida no ano passado em Campinas. Moradora do Parque Itajaí, foi grande liderança no bairro, promovendo o acesso à leitura e à cultura por meio de cursos e distribuição de livros. Em 1983, revitalizou a associação que, em 1989, foi oficializada como Sindicato das Trabalhadoras Domésticas de Campinas e Região. Atuou também na criação de casas de cultura em Campinas, iniciativa que inspirou, anos depois, o Programa Cultura Viva.

A exposição “Bailes Negros: sociabilidades e resistência em Campinas” também integrará o evento. Desenvolvida pelo Serviço de Difusão Cultural do Centro de Memória da Unicamp, a mostra faz parte do projeto “Histórias negras: registros orais para a desinvisibilização da presença negra em Campinas (1930–1970)”. A iniciativa surgiu a partir da proposta de Maria da Glória Bardi (funcionária aposentada da Unicamp e entusiasta da história negra), que reuniu uma vasta coleção fotográfica com registros sobre a população negra em diversos eventos e locais da cidade. Entre eles, destacou-se o Concurso Pérola Negra de 1957, que marcou a sociedade campineira ao evidenciar a força da comunidade negra local.

A entrada no baile é gratuita, com vagas limitadas. Os interessados devem garantir o ingresso por meio do link: www.sympla.com.br/evento/baile-perola-negra-2025/3009448.

As Rainhas Pérola Negra

Na 3ª edição, na categoria “Afirmação de Identidade”, a rainha é Maíra Drigues da Silva, quilombola e doutoranda em Geociências pela Unicamp. Comprometida com a justiça ambiental, é membro ativa do Jongo Dito Ribeiro, território cultural que preserva e fortalece a cultura afro-brasileira em Campinas. Atua na proteção e no fortalecimento de comunidades negras e tradicionais, abordando temas como racismo ambiental, impactos das mudanças climáticas, gestão de territórios e justiça climática.

Na categoria “Cultura”, a rainha é a cantora Ilcéi Mirian, cavaquinista e pesquisadora da Música Popular Brasileira, com destaque para o samba. Premiada, deixou a profissão de professora para se dedicar à música, realizando diversos shows em homenagem a grandes nomes do samba em Campinas. Desde 2004, está à frente da organização da Feira Cultural Afro Mix, que, em 2025, chegará à 30ª edição, reunindo manifestações artísticas, shows e afroempreendedorismo.

Em “Desenvolvimento Comunitário”, o destaque é Michele Cristina dos Santos Eugênio, presidente da Central Única das Favelas de Campinas (Cufa). Coordenadora estratégica de projetos sociais e culturais voltados à inclusão, educação e desenvolvimento das comunidades periféricas, liderou a distribuição de 1.200 cestas básicas durante a pandemia e mobilizou a doação de dois mil kits de alimentos no projeto Mães da Favela. Também é organizadora do Hip Hop Festival e do Sacode Interior, além de ser responsável pela etapa municipal do campeonato “Taça das Favelas”, nas categorias masculina e feminina.

A mestranda Aparecida Célia dos Santos é a vencedora da categoria “Educação pela promoção da igualdade racial”. Formada em Letras, atuou como professora por mais de 35 anos, sempre pautada na educação inclusiva, na defesa dos direitos humanos e na valorização das culturas afro-brasileiras.

Na categoria “Profissional de Destaque”, a rainha é Waleska Miguel Batista, doutora em Direito Político e Econômico. É coordenadora do Centro de Estudos Africanos e Afro-brasileiros “Dra. Nicéa Quintino Amauro” (CEAAB-PUC-Campinas) e professora da Faculdade de Direito da PUC-Campinas. Representa o Instituto Luiz Gama como membro do Fórum Permanente de Afrodescendentes da ONU nos Estados Unidos e na Suíça.

A jornalista Hidaiana Rosa é a escolhida na categoria “Revelação”. Coordenadora de Comunicação da Secretaria Municipal de Cultura, atuou na EPTV e apresentou o telejornal Bom Dia Cidade. Com vasta experiência em imprensa, televisão e jornal, é também entusiasta de corridas de rua.

Na categoria “Trajetória de luta e garantia de direitos”, a rainha é Mercedes dos Santos. Doméstica e militante no Sindicato das Domésticas de Campinas e Região, é também membro do Conselho Administrativo do Clube Social Machadinho, com relevante contribuição à integração social da comunidade negra na cidade.

História do Concurso

O Concurso Rainha Pérola Negra também busca rememorar e valorizar a luta das mulheres negras do passado, representadas por Laudelina de Campos Melo (1904–1991). Fundadora dos sindicatos das trabalhadoras domésticas de Santos e de Campinas, Laudelina teve uma trajetória marcada pela resistência ao preconceito racial, à exploração das trabalhadoras e das mulheres. Após mudar-se para Campinas, em 1955, integrou-se ao movimento negro local e participou de ações culturais como a fundação de escola de música e balé. É dela a iniciativa que originou o Concurso Rainha Pérola Negra, criado no baile de debutantes (Baile Pérola Negra), realizado no Teatro Municipal de Campinas.

Serviço

Baile da 3ª Edição do Concurso Rainha Pérola Negra

Data: 05/07/2025
Horário: 19h
Local: Clube do Bonfim (Rua Bento da Silva Leite, 330 – Jardim Chapadão, Campinas)
Ingressos gratuitos: www.sympla.com.br/evento/baile-perola-negra-2025/3009448
Vagas limitadas. Mesas conforme ordem de chegada.